domingo, 1 de março de 2015

O plano

Os dias decorriam tal e qual o programado. Não significava que fosse monótona, apenas não gostava de surpresas, nem de situações que escapassem ao seu total controlo.

Sabia o que queria, o que fazer para o conseguir e muito do seu esforço estava centrado na profissional que queria ser. Irrepreensível e exemplar!

Dentro do seu projecto, por vezes, até colocava a hipótese de arranjar alguém, casar, ter filhos, todas aquelas "coisas" (como ela própria designava) que todas pessoas têm e esperam, mas garantidamente não eram uma prioridade. Acrediva que este tipo de vertentes na vida a iriam distrair do que era "realmente" importante!

Vinha de uma familia dita convencional, pai, mãe, irmãos e crescera com o espelho de um casal feliz refletido pelos pais, que tantos anos depois do casamento ainda sentiam um pelo outro um amor maior do que tudo o que contruiram juntos!

Claro que esta união a enchia de orgulho mas de uma forma inconscientemente colocava todas as relações numa fasquía altíssima. Por isso mesmo o melhor era focar a sua completa atenção no que sabia que era eficiente e imbatível.

O seu plano decorria de forma exemplar, até ao dia em que ele se mudou para o apartamento do lado e simultaneamente entrou na sua vida sem perguntar se podia!

Foi-se apresentar como sendo o seu novo vizinho e colocando-se a inteira disponibilidade para o que ela necessitasse. Naquele primeiro momento sentiu-se como que invadida pela segurança que de repente aquele estranho lhe transmitia!
Agradeceu o gesto mas apressou-se a fechar a porta.

Não se ia permitir sentir-se impressionada com aquele homem.

Após inúmeros bons dias e boas noites no elevador e muitas tentativas goradas de tentar falar com ela, ganhou coragem e convidou-a para jantar em sua casa. E antes que a sua cabeça pudesse reagir, dos seus lábios pronunciaram um sonoro SIM!

Agora já estava feito e não tinha como voltar atrás!

Na verdade, desde o momento em que lhe batera à porta naquela noite para se apresentar, que não lhe saía do pensamento.

À hora marcada estava do outro lado corredor.

De facto, não existem planos perfeitos!

Ainda bem!








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