terça-feira, 16 de junho de 2015

O caminho

Cometemos o  maior erro de quem ama, ou de quem se julga amar.

Querer moldar o outro e achar que as pessoas mudam.

E isso não faz mesmo qualquer sentido.

Se me apaixonei pelo que és, porque raio te quero mudar? Se me amas, o que realmente te importa é a minha felicidade, mas não será hipocrisia, querer que a minha felicidade se baseie na tua vontade?

Fazemos juras de amor e promessas daqui até à Lua mas na verdade, se o caminho  até à Lua não passar na minha rua, vai ser difícil arranjar tempo para lá ir.

Atenção que isto não é uma critica ao teu comportamento, é apenas uma chamada à realidade. À nossa realidade, porque não me excluo desse plano de auto-satisfação embrulhado em papel altruísta.

Não duvido que gostemos um do outro, mas chamar lhe amor, possivelmente é demasiado ambicioso e auspicioso.

Adoramos proporcionar o melhor que temos um ao outro mas honestamente e claro inconscientemente, fazemo-lo à espera de terminada reacção. 

Mais do que isso, concebemo-lo na expectativa da devolução nas medidas que nos servem que nem uma luva.

E isso está errado? Provavelmente não.

Acredito que está nos nossos genes e no nosso subconsciente, que faz parte deste ser estranho que é o Homem.

Agora cabe-nos decidir o que queremos fazer com este conhecimento.

Podemos manter-nos juntos e conscientes que o percurso daqui até à Lua é um beco sem saída ou cada um vai procurar no seu mapa a rua que nos levará até lá.

Eu comprometo-me a começar a registar as rotas se tu indicares os percursos.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

É hoje

Eu sei que a tradição manda que seja ele mas como a tradição já não é o que era!

Não tenho dúvidas de que é isto que eu quero, ou melhor que é com ele que quero dividir tudinho na minha vida.

Até sermos velhinhos e passarmos as nossa tardes nas nossas cadeiras no alpendre a ver os netos a brincar. Não consigo imaginar o cenário com outra pessoa que não ele.

Sim, estou lamechas mas este é o efeito que ele tem em mim.

Arrebatou-me, enfeitiçou-me e apoderou-se dos meus desejos, anseios e sonhos! Então agora que me aguente, para sempre!

Já consigo imaginar a cara dele… Nem vai acreditar!

Vai me dizer “quem devia fazer isso era eu”!!!


Não quero saber! Hoje, noite de Santo António, à porta da Sé quem se vai por num joelho e fazer o pedido sou eu! Mas po vou trocar o anel por um manjerico!


terça-feira, 9 de junho de 2015

Desde sempre

Estás na minha vida desde que existo!

Sempre foste o meu melhor amigo, o meu confidente, o apoio e o meu conforto. 

Tantos Verões que ficámos de papo para ar a dizer disparates e tantas Invernos a devorar filmes.
Estiveste nas primeiras saídas à noite, nas primeiras férias sem pais. Partilhámos segredos intocáveis e na maioria das vezes já nem precisávamos de falar. Criámos uma linguagem própria com os nossos olhos.

Inúmeros, foram os momentos em que nos encobrimos e usamos o outro como justificação para saídas secretas. Para os nossos pais, desde que estivessemos juntos, podíamos ir até à Lua, que não havia problema.

Usei o teu colo para carpir os meus desaires amorosos e fui a primeira a sentenciar quem te fazia sofrer.

Nunca tivemos tabus nem rodeios na forma como falávamos mas tenho de admitir que neste preciso momento estou cheia de vergonha e garantidamente tão corada como quando tinha 10 anos e percebias que te estava a esconder alguma coisa.






Não sei como te dizer, que ontem, pela primeira vez te vi como um homem.
Soou estranho, não foi…

Eu sei, para mim também!

E pior, amei o que vi… Como é que é possível que de um momento para o outro, tudo o que sempre te contei de como me tinha sentido nos primeiros encontros, esteja a viver contigo! CONTIGO!!!! 
Foi como se uma campanhia soasse num som estridente!

Simultâneamente, penso no tempo que perdi à procura do que sempre esteve aqui! Bem à frente dos meus olhos! A minha vida inteira!

Não sei como vais receber a noticia mas peço-te que penses nela com carinho e com calma.
Com a mesma calma que tiveste quando me ajudaste a andar de bicicleta sem rodinhas...



segunda-feira, 1 de junho de 2015

Saída

Vou-me embora! Sem berros sem nem confusões!

Já chega! Eu sei que tu não acreditas, no teu lugar também não acreditaria. Já o disse tantas vezes e nunca fui.

Mas desta vez vou mesmo.

Tornei-me na tua empregada de limpeza, cozinheira, motorista e moça de recados. Sou tudo menos o que sempre desejei ser, tua mulher, tua companheira.
Sempre fiz tudo para te agradar, para que vivêssemos bem mas nunca foi suficiente para ti, encontravas sempre um defeito, uma critica e foste me fazendo acreditar que tinhas razão.

Dediquei-me a esta família, a esta casa como se fosse uma missão.

Olho para trás e tento encontrar dentro de mim a resposta do porquê ter aguentado viver adormecida mas ainda não consigo chegar ao motivo.

Talvez o tempo me ajude a entender mas agora também não interessa, acordei e quero me ir embora.

Garanditamente irão questionar-me sobre o que aconteceu. E eu irei responder nada. Nada que já não tivesse acontecido, fui coleccionando respostas tortas, caras fechadas, humilhações. A de hoje foi a última que me ofereceste

Não sei o que será de ti e como vais sobreviver, sentado na tua poltrona a mandar e a ser servido, a ter tudo feito sem que tivesses de fazer por isso.

Habituaste-te a descarregar a tua frustração e pequenez em mim, a única pessoa que se preocupava contigo.

Vou buscar as minhas coisas e sei que o teu orgulho vai gritar: "Vai, desaparece!"mesmo que no fundo te estejas a sentir desesperado.

E eu irei e desaparecerei.

Sairei por aquela porta com uma serenidade desconhecida mas que já mais abandonarei!