segunda-feira, 1 de junho de 2015

Saída

Vou-me embora! Sem berros sem nem confusões!

Já chega! Eu sei que tu não acreditas, no teu lugar também não acreditaria. Já o disse tantas vezes e nunca fui.

Mas desta vez vou mesmo.

Tornei-me na tua empregada de limpeza, cozinheira, motorista e moça de recados. Sou tudo menos o que sempre desejei ser, tua mulher, tua companheira.
Sempre fiz tudo para te agradar, para que vivêssemos bem mas nunca foi suficiente para ti, encontravas sempre um defeito, uma critica e foste me fazendo acreditar que tinhas razão.

Dediquei-me a esta família, a esta casa como se fosse uma missão.

Olho para trás e tento encontrar dentro de mim a resposta do porquê ter aguentado viver adormecida mas ainda não consigo chegar ao motivo.

Talvez o tempo me ajude a entender mas agora também não interessa, acordei e quero me ir embora.

Garanditamente irão questionar-me sobre o que aconteceu. E eu irei responder nada. Nada que já não tivesse acontecido, fui coleccionando respostas tortas, caras fechadas, humilhações. A de hoje foi a última que me ofereceste

Não sei o que será de ti e como vais sobreviver, sentado na tua poltrona a mandar e a ser servido, a ter tudo feito sem que tivesses de fazer por isso.

Habituaste-te a descarregar a tua frustração e pequenez em mim, a única pessoa que se preocupava contigo.

Vou buscar as minhas coisas e sei que o teu orgulho vai gritar: "Vai, desaparece!"mesmo que no fundo te estejas a sentir desesperado.

E eu irei e desaparecerei.

Sairei por aquela porta com uma serenidade desconhecida mas que já mais abandonarei!



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